terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

HOTÉIS EM DIFICULDADE


Proprietários de hotéis em São Luís atribuem à falta de políticas públicas para o setor de turismo e a não promoção da cidade em outros estados do Brasil como os grandes responsáveis pela baixa ocupação da hotelaria na capital maranhense.



Dona do segundo maior litoral do Brasil, de um acervo arquitetônico ímpar, que lhe concedeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, uma riquíssima cultura e uma gastronomia sem igual São Luís, capital do Maranhão, vive constantemente o revés de ser e não ser um destino turístico brasileiro. Diferente de outras capitais do Nordeste que conseguiram tirar bom proveito de todos os seus atrativos turísticos, reforçar a economia local por meio da geração de emprego e renda, a capital maranhense vive um “ostracismo turístico” muito provocado pela falta de políticas que fortaleçam o turismo, falta de investimento em infraestrutura, segurança, preservação de suas belezas naturais e arquitetônicas e campanha de divulgação da cidade em outros estados.
Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Maranhão - ABIHMA a ocupação hoteleira da capital durante o mês de janeiro deste ano ficou abaixo dos 50% e a expectativa para o carnaval é de 57%. Números muito abaixo do esperado se comparado a outras capitais do Nordeste, que já apresentam taxa de ocupação acima dos 90%, como é o caso de Salvador e Recife. Segundo o presidente da ABIHMA, João Antônio Barros Filho, a única explicação é a falta de políticas públicas integradas e voltadas para o desenvolvimento da cidade como um todo aliado à falta de uma campanha publicitária que divulgue a cidade em outros estados. “É preciso que nossas autoridades públicas desenvolvam políticas sérias e que contribuam realmente para o desenvolvimento de São Luís. Isso deve ser feito de forma séria e concreta. Precisamos sair da fase de promessas e projetos. Não há mais tempo para as expectativas. Devemos somar a isso a elaboração de uma campanha publicitária que divulgue nossa cidade em outros pontos do Brasil”, desabafou o presidente da ABIHMA.

Segundo a ABIH, o empresariado fez investimentos altos nos últimos anos na cidade. Grandes hotéis e redes hoteleiras aqui se instalaram na esperança de que assim como eles, os poderes públicos estadual e municipal também investissem na cidade. Para Ivanice Pres, dona de dois empreendimentos hoteleiros em São Luís, a cidade está bem servida de hotéis o que falta é comprometimento dos governos em divulgarem o destino fora para trazer mais turistas e políticas públicas estruturais que promovam o turismo. “Nossa rede hoteleira é grande e com diárias acessíveis, o que falta é divulgação da cidade em outros estados como forma de estimular o turismo aqui.”, colocou Ivanice. A empresária destacou ainda que apostou em São Luís na promessa da chegada de grandes empreendimentos como siderúrgicas e refinaria o que ficou apenas na promessa. “Construímos e apostamos na cidade acreditando na instalação de uma siderúrgica e depois na construção de uma refinaria, o que não aconteceu e ficamos com grandes hotéis como este, vazio. A situação da hotelaria em São Luís é deplorável.”, desabafou a hoteleira.
Os investidores estão preocupados com a baixa ocupação de seus hotéis. A situação é generalizada. Os hotéis Veleiros e Praia Ponta D’areia que juntos somam 512 leitos estão com apenas 52 apartamentos ocupados o que corresponde a menos de 20% de ocupação e a expectativa para o carnaval é a pior possível, já que há pouca procura pelo destino São Luís, segundo a proprietária dos hotéis.
O Grand São Luís Hotel localizado no Centro Histórico de São Luís e que tem 211 apartamentos está com apenas 25% de sua ocupação e a expectativa para o carnaval é abaixo dos 50%. Para o gerente geral do hotel Clairton Langaro a responsabilidade é do governo em divulgar o destino como forma de atrair turistas. “É preciso que o governo divulgue o destino pelo Brasil afora já que a vinda do turista para cá, gerará mais renda para o estado e para o município.”, colocou Langaro.
O proprietário da Pousada Colonial, Nagib Ribeiro, reforça que a falta de estrutura na cidade e também a campanha maciça de poluição das praias nos últimos anos foram os grandes vilões que levaram o turista a se afastarem de São Luís. “Sofremos nos últimos anos uma campanha maciça em todos os meios de comunicação, inclusive nacionais, de que nossas praias estavam impróprias para o banho. Some-se a isso, a falta de investimentos na infraestrutura da cidade. Acredito que estes fatores contribuíram para que os turistas não procurassem mais São Luís.” afirmou Nagib.
As grandes redes de hotéis também sofrem com a falta de turistas na cidade. O Bellagio Hotel, ligado ao Grupo Sollare, está hoje com 75% de ocupação, mas a Gerente do Hotel, Suzane Cordeiro, faz a ressalva de que esse número se deve a contratos fechados com empresas particulares que garantem a ocupação. “Nossa ocupação se deve ao turista de negócios e não ao turista de lazer. Não houve até o momento nenhuma procura de reserva para o carnaval especificamente. O que nos garante nossa ocupação atual são contratos com empresas particulares.” Afirmou a gerente.
Quebra Geral
Rede hoteleira ludovicense sofre com a falta de turistas e já teme por uma nova quebra de grandes hotéis nos próximos anos
Para os empresários a falta de turistas, de políticas públicas que promovam São Luís enquanto destino turístico aliado à falta de infraestrutura da cidade irá contribuir em um futuro não muito distante para uma nova fase da quebra de empreendimentos hoteleiros na cidade. Dona Ivanice Pres é taxativa ao afirma que no prazo máximo de cinco anos se repetirá aqui o que aconteceu na década de 1990 quando grandes hotéis de São Luís quebraram ou foram vendidos para grupos de fora. “Isso é cíclico. Aconteceu anos atrás e voltará acontecer aqui nos próximos anos. Não temos condições de manter uma estrutura dessas com altos impostos, folha de pagamento, investimentos em segurança e pagando uma das tarifas de energia mais cara do país se não houver demanda.”, desabafou Ivanice Pres.
Outros Depoimentos:
Alexandre Brandão: Proprietário do Hotel Premier e Calhau Praia Hotel
O problema de São Luís passa por uma questão macroeconômica que envolve principalmente o desenvolvimento de uma política voltada para a promoção da cidade e também pela melhoria da sua infraestrutura. No ano passado, fomos maltratados com a questão da reforma do aeroporto, a campanha negativa de poluição das praias, a resolução dos problemas das entradas principais de São Luís que são nossas estradas e vias portuárias. Tenho hoje uma ocupação de 34% e uma expectativa para o carnaval abaixo dos 50%.
Armando Ferreira: Gerente de Vendas Rio Poty Hotel e Vice-presidente da ABIHMA
É preciso que os governos estadual e municipal acreditem em São Luís assim como os empresários acreditaram e apostaram aqui. Precisamos desfazer esta imagem negativa criada nos últimos anos de que nossas praias estão poluídas, já que elas são um dos nossos principais atrativos. É necessária a recuperação urgente do nosso Centro Histórico e a melhoria na infraestrutura da cidade pela Prefeitura.
Fábio Golignac – Representante da Pousada Portas da Amazônia
A falta de políticas públicas que fortaleçam o turismo em São Luís é a grande responsável pela queda do turismo na cidade. A falta de roteiros turísticos na cidade também contribui para a baixa procura por São Luís fora daqui. Os turistas que vêm para cá estão sempre voltados a visitar Barreirinhas. Lotação atual 85%. Expectativa para o Carnaval 50%.
Outras Informações
Taxa de Ocupação: 57% (17 hotéis pesquisados) - Expectativa para o Carnaval
Média da Diária nos Hotéis de São Luís: R$ 120,00

Fonte: Ascom ABIH-MA

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